sexta-feira, 13 de julho de 2012

O resultado de uma madrugada


Ele disse que tinha algo para me mostrar. Eu quis saber o que era, e ele imediatamente segurou a minha mão. Como se escondesse um segredo sorriu, e me levou para um quarto. Foi então quando disse, com o seu jeito único de falar, que se sentia bem perto de mim e queria me mostrar o que tinha guardado no coração durante tanto tempo.

Então os seus sonhos foram projetados na parede. Com alguns deles eu me identificava, com outros não concordava, e essa era a melhor parte: ele não questionava a minha opinião, apenas aceitava. E dizia que sobre isso pensaríamos depois.

Mas então todas as luzes se apagaram, e eu falei baixinho que tinha medo do escuro. Ele me abraçou e disse que não tinha razão para sentir isso, já que no escuro nada se vê. E eu disse que era justamente por isso. Eu não tinha medo do que não via, mas do que sentia. Da solidão. Então que ele disse que ficaria comigo. E a luz voltou.

Mesmo com a claridade ele disse que ficaria, sem que eu precisasse inventar outra desculpa. Naquele momento não existiam mais relógios. Não existiam as horas. Mas nós sabíamos que era a hora de voltar quando o dia nasceu. Por um momento eu desejei que novamente fosse noite só para ficar mais tempo. Por um momento eu tive até medo de perdê-lo.

Mas no fim do dia ele me mandou uma mensagem pelo celular dizendo que se eu tivesse medo de novo era para ligar. É claro que eu liguei, mas não por medo. Por saudade. E passei a gostar da noite, do escuro, e de tantas outras desculpas esfarrapadas.

Todas as vezes em que a luz clareava o dia ele ficava comigo da mesma forma. Então eu percebi que não importava onde, como, ou quando, mas sim que ele estivesse ali. Que a sua presença me fazia esquecer que o resto do mundo e todas as angústias e aflições existiam.

Por alguns instantes eu fui feliz por sentir o seu corpo me protegendo dos meus medos interiores. Descobri que foi ele quem me fez não ter mais medo da noite, do escuro, das horas… E principalmente da solidão.

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