terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Fase em depressão

Só quem já sentiu o aperto no peito de uma depressão, independente da intensidade, sabe o quanto essa doença pesa na alma. Incluo aqui aqueles que já se solidarizaram com a dor alheia e conviveram com quem passou por isso.

É inexplicável entender o porquê das lágrimas mesmo sem nenhum motivo aparente, da solidão no meio de muita gente, da força que te puxa de volta pra cama mesmo com o sol lá fora.

Pra mim, que exalo felicidade, sorrio o tempo todo, faço piada de tudo e falo besteiras, foi difícil aceitar que por trás disso tudo, eu estava infeliz. Sempre me gabei da minha fé, da minha gratidão a Deus pela vida, pela saúde, pelos amigos, pelas oportunidades... Mas em determinada época parecia que nada disso era suficiente. Eu sentia um buraco dentro de algum lugar lá dentro onde certamente ficam escondidas as nossas emoções. Era um vazio tão atormentador que tirava meu sono e minha paz.

Eu sentia como se alguém tivesse me arrancado as esperanças em viver. Eu já não era boa o suficiente no trabalho, na faculdade, na família, como amiga ou namorada. Eu olhava no espelho e me sentia feia. Eu ia em festas e via as pessoas se divertindo e aquilo me deixava mal, porque eu não conseguia estar assim também. Quantas vezes, na casa do namorado que eu tinha na época, eu caia no choro sozinha com vontade de ir pra casa, igual criança quando começa a ir pra escola pelas primeiras vezes. Eu me sentia fracassada. Em alguns meses eu tinha me tornado tudo o que eu nunca quis pra mim.

Claro que a depressão não surge do nada. No meu caso, um poço de sensibilidade, vários problemas, durante toda a vida, foram deixando marcas. Essas marcas não vão embora quando tudo fica bem. Elas permanecem com a gente, só que fraquinhas, quase não dão pra ver, mas elas estão ali. Até que uma hora a união de todas elas fez diferença e elas resolveram explodir bem em uma época da vida em que eu estava com os ânimos mais aflorados.

Era final de faculdade, o término de um sonho que eu almejei por anos e que só foi possível por causa da minha fé que eu citei lá em cima, quando eu ainda era forte o suficiente pra conquistar minhas coisas.

Junto com esse medo do final do curso, veio uma doença familiar que refletiu diretamente em mim. A coisa que eu mais detesto no mundo é ver as pessoas que eu amo sofrerem. Eu já tinha perdido o meu pai e só queria paz dentro de casa, mas o pesadelo estava longe de terminar.

Foi aí que eu pirei e quando eu me dei conta, minha mãe e meu irmão tavam implorando pra eu sair do emprego e ir ao médico antes que eu me prejudicasse. Ao contrário do que muita gente pensa, esse não é um momento de fraqueza. Tive que ter muita força pra ir contra minha teimosia e assumir que eu precisava de ajuda. E é só por isso que pude escrever tudo isso.

Essa semana voltei na minha psiquiatra. Fazia seis meses que não a via, já que ela está fazendo tratamento para um câncer e os horários das consultas não batiam. Dessa vez, muita coisa mudou. Hoje ela faz algumas anotações no caderninho dela e eu converso sem aquele aperto no peito que me sufocava.

Já faz cerca de um ano e meio que eu entrei pela primeira vez naquela sala. Com lágrimas nos olhos, eu mal conseguia dizer meia dúzia de palavras. A qualquer momento eu ia desabar. Contei tudo, sem medo de parecer ridícula.

Disse que não via mais sentido no trabalho ou no estudo, que eu tinha um TCC pra terminar e não sabia como fazer isso, falei do pavor de sair de casa, de ficar longe da família. Falei que sentia um sono fora do comum durante o dia, mas a noite o sono não vinha porque eu passava a madrugada chorando. Tinha muita tontura, dor de cabeça e dor de barriga, vontade de comer até explodir, ficava ansiosa só de pensar em sair com as minhas amigas, não tinha mais vontade de estar com meu namorado, nem com homem nenhum.

Agora eu que tenho vontade de perguntar como ela está, como vai o tratamento, mas fico na minha. Ela ainda é a médica da história. Às vezes até fico meio angustiada de ainda estar por ali, sendo que o sofrimento se inverteu. Mas só tenho a agradecer. O papo hoje é meu novo emprego, meu namorado novo, minha pós-graduação...

Talvez eu também a ajude a se recuperar mostrando que ela foi uma das responsáveis por essa mudança na minha vida e o empenho dela como profissional e cidadã tá sendo bem feito.

É claro que as minhas lágrimas ainda caem, mas eu dou conta de enxugá-las antes que molhem o travesseiro. Elas já não atrapalham meu sono e nem meu convívio social. A minha alma está anestesiada e eu tenho certeza que um dia ela vai estar livre de qualquer recaída.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Telefone e ameaça na redação

Em qualquer redação de jornal a realidade é a mesma: o telefone não pára de tocar, as janelas do MSN estão sempre piscando e a caixa de e-mail sempre tem novidades. Por maior que seja a redação (o que não é o meu caso) todos precisam apurar as notícias, escrever e é claro, atender o telefone.

Esses dias pela manhã foi uma ligação atrás da outra, principalmente com reclamações sobre a cidade e até por gente indignada com o que é escrito por colunistas do jornal, querendo uma desculpa ou uma explicação, mesmo que tenha o telefone e e-mail do cara que escreveu ali eles vem cobrar de qualquer um que esteja dentro do escritório, pode até ser a moça do café (se bem que onde eu trabalho, a sucursal é minúscula e todo mundo faz café).

Com essa correria, tem leitor que fica bravo quando os repórteres não dão uma solução imediata, desligam o telefone na cara e gentilezas do gênero. Tem gente que já tá tão cansada de reclamar pra Deus e o mundo que coloca no jornal sua última esperança e exige que a matéria seja publicada o mais rápido possível, como se não houvesse uma organização da página. Eles devem pensar que é só ir enchendo de texto até acabar o expediente e todo ir embora pra suas casas aliviado porque o dia terminou. Até já teve leitor que se ofereceu pra vir até aqui escrever a notícia.

Para quem não está nessa rotina, é difícil entender que o que sai no jornal não é decidido por uma única pessoa. Há uma equipe grande, onde todos precisam estar em sintonia. No fim, os repórteres acabam se acostumando e ouvindo todo o esporro de leitor até entender sobre o que ele está falando e encaminhar para o setor ou editor responsável. Quando o telefone não toca a gente até desconfia do silêncio.

Há mais de uma semana fomos ameaçados por um parente de vítima de assassinato. Por sorte cheguei uns minutinhos atrasada e não vi o barraco, mas as meninas que trampam nos classificados nem tiveram tempo de ler a matéria e deram de cara com o homem querendo bater em todo mundo. Como a gente vê de tudo nesse mundo e o cara fez aquela ameaça super comum: “isso não vai ficar assim”, precisamos de um segurança pra poder trabalhar.

Ontem um adolescente foi assassinado pela polícia e eu tive a coragem de ligar para o pai do guri. O cara só faltava me dar um soco pelo telefone de tão revoltado, como se a culpa fosse minha ou do jornal do filho ter sido morto. Ele disse pra eu cuidar com o que fosse escrito senão eu ia ver só – essa também é uma ameaça comum. O cara nem me deixou explicar que eu queria dar espaço pra ele se defender, já que o guri tava assaltando uma farmácia, mas ele desligou antes que eu pudesse defender a classe e dizer que a gente não inventou nada, a notícia veio da polícia.

No fim, ninguém apareceu por aqui revoltado e sobrevivemos a mais uma semana. Que venha segunda-feira e todos os perrengues do jornal diário...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Ossos (congelados) do ofício

É preciso muita coragem pra sair da redação com o frio que faz na quarta-feira pela manhã no sul do mundo. Pior ainda, é andar de moto-táxi. Há um momento da corrida em que os dedos doem, o vento parece rasgar a pele do rosto (sim, eu sou exagerada) e todo o corpo fica paralisado. Não usei capa porque depois ficaria em uma coletiva e era muita tralha pra carregar e por isso, peguei aquela chuva, que apesar de fininha molha bastante, pra poder tirar fotos de um acidente.

O jeito foi fechar os olhos e torcer para que aquilo acabasse logo. Na volta eu já estava traumatizada e voltei a pé para o jornal. Não que isso seja reconfortante, porque eu tremia do mesmo jeito. Mas pelo menos eu achava que teria um café quentinho me esperando... Quanta ingenuidade! O pessoal aqui da redação é movido a cafeína acabou com o meu único aliado ao frio. Mas eu não posso reclamar, já que não sou eu quem prepara o líquido milagroso... Espero que alguém se solidarize com este depoimento e evite fazer coletivas de imprensa ou bater o carro pela manhã. Se bem que já esquentou um pouco mais, mas as coisas sempre acontecem quando a gente está menos preparada.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Massagem nada empolgante

Não se pode mais passear tranquilamente pelo shopping de Balneário Camboriú sem ser abordado por um vendedor empolgado no melhor estilo Polishop. A geringonça da vez era uma máquina de massagem que curiosamente você mesmo pode passar em seu corpo! Colega, de onde eu venho isso tem outro nome. Mas como sou metida eu aceitei a proposta do vendedor de ser cobaia do negócio.

O homem me colocou sentada na cadeia de tortura. Aí ele perguntou se eu sentia alguma dor. Pra quê tocar nesse assunto? Prontamente já apresentei minha personal fisio Ana Paula, que também tinha sido pega de surpresa. Expliquei que tinha escoliose, retificação cervical, preguicite aguda, dor no cérebro, amor platônico, cartão de crédito no limite. Já busquei tratamento, fiz RPG, pilates, acupuntura, hidroginástica, sessão descarrego, sexo tântrico ... Enquanto isso ele se gabava do aparelho milagroso que melhorava a circulação, diminuia o stress, trazia seu amor de volta em três dias e o mais duvidoso: tirava a celulite. “Não que você precise”, ele disse.

Como eu sou educada eu falei obrigada, mas como também sou realista não pude deixar de acrescentar: “eu sei que eu preciso”. Ah! Odeio vendedores que ficam querendo me iludir. Quantas vezes eu entro na loja e perguntam; é 38 pra ti, né? Vontade de dizer: minha filha, se eu usasse 38 eu não estaria com essa cara abatida de quem está fazendo abstinência de Big Mac!

"Você precisa liberar essa ansiedade", disse ele com a voz afeminada caracterizando todo o seu jeito de ser, mas se esforçando para dar uma de macho e me convencer. Desista baby, não é você que vai curar minha ansiedade.

Ele definitivamente não estava me levando a sério. Quando eu disse que era jornalista ele aumentou a potência do negócio. Vingança, na certa. Todo cara metido a alegre e simpático sempre quis ser jornalista pra trabalhar no TV Fama e ir nas festas de graça.

Eu já estava quase gritando quando ele parou de perfurar minhas costas com aquele treco disfarçado de massageador e quis testar em outras partes do meu corpo (calma gente, este é um blog familiar). Foi a vez da panturrilha. Eu fiquei imaginando o quão broxante pode ser oferecer uma massagem na panturrilha, quando de repente tive a minha natural crise de cócegas, onde um dos sintomas é moleza no corpo e risos involuntários que me impedem de reagir ao inimigo.

E como nada nesse mundo que tenha graça é fácil, ele perguntou se eu gostaria de levar um desse pra casa. Aham Cláudia, senta lá. Meus olhos não brilharam. Eu não pensei em como pude viver todo esse tempo sem um desses. Além do que eu não queria gastar “só” trezentos reais naquilo. Não sei se ele não entendeu bem a parte de que eu sou jornalista = não tenho dinheiro, mas eu usei a velha desculpa: “vou ver com a minha mãe”. Às vezes eu me pergunto até quando poderei usar essa desculpa.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Pior que é verdade...






Tem mais em: http://mulhertrinta.blogspot.com/

sábado, 17 de julho de 2010

Vida despenteada

Aqui estou, no sofá confortável, vendo qualquer coisa na tv, e é claro, com meu lindo pijama de vaca (obs: eu e Jéssica Feller chegamos à conclusão de que gostamos de vacas, elas até são sagradas em alguns lugares. Prometi não chamar mais as mulheres oferecidas que eu encontro por aí com o nome deste animal tão bonzinho. Isso inclui os adjetivos adicionais como: vaca leiteira manca, vaca malhada, vaca-louca e etc.).

Sei que o meu amigo Claudelicius não gosta muito de vacas porque elas produzem leite, que é ingrediente de muitos alimentos deliciosos e cheios de lactose... Aliás, preciso pegar o meu exame de tolerância e quem sabe dizer adeus aos maravilhosos produtos feitos com leite. Mas não é sobre vacas de que eu vim falar hoje (se você é uma, volte no amanhã).

Meu cabelo está horrível, minha pele está seca por causa do frio, meu estômago está embrulhado de tanta besteira que comi. Tá muito frio, lá fora chove, dormi demais e meu namorado não tá nem aí pra mim.

E quer saber? Tô muiiiito bem! Viver descabelada é para poucos. Pessoas que trabalham, estudam, vivem a vida rotineira não é sempre que podem se dar ao luxo de um dia de lixo. Por isso dou tanto valor a esses momentos só meu. Momentos que não preciso parecer nada além de despenteada. E com certeza isso não interfere no amor que minha família tem por mim. Eles nem ligam, sabem que amanhã ou depois eu vou me levantar, ligar o chuveiro, fazer uma sessão de SPA caseiro, colocar uma roupa confortável e partir pra correria do dia-a-dia.

Mas hoje, só hoje, vou viver esse prazer. Minhas amigas que me desculpem, mas não to afim de encher a cara ou ir em alguma boate gay dançar Lady Gaga alucinadamente. Meu namorado que me desculpe, mas já dizia minha tatatatatataravó: é o homem que tem que correr atrás.

E mesmo que ele quisesse me ver, hoje eu não quero me depilar, passar hidratante, secar a franja, colocar uma calcinha sexy e ficar namorando embaixo do edredom. Me recuso a sair do meu sofá! E me recuso a encontrar qualquer ser humano além da porta de minha casa nessa situação despenteada.

Ah, como é bom estar sozinha!

sábado, 10 de julho de 2010

Mania de Explicação

é quando você se deixa levar pelas páginas de um livro


Geralmente as crianças gostam de perguntar o porquê das coisas, mas a personagem de Mania de Explicação (Salamandra, 2001), de Adriana Falcão, utiliza sua inocência e imaginação para explicar o significado das palavras a sua maneira. A autora é teatróloga e roteirista de programas de comédia da TV Globo como A Grande Família (2001) e O Auto da Compadecida (1999).

Quem poderia imaginar que a experiência de Adriana Falcão com humor para adultos pudesse contribuir para a publicação do seu primeiro livro infantil? Aliás, nesse caso, esse gênero se perde no senso comum de que é um tipo de livro só para crianças. A obra prova que não é preciso um estudo pedagógico para escrever para os pequenos. Aliás, a narrativa é adulta o bastante para fazer os mais grandinhos refletirem também.

Mais do que um dicionário poético, há no livro um sentido aberto para cada uma das frases apresentadas, que depende da visão de cada um. Ansiedade, Raiva, Culpa, Perdão, Vontade, Tristeza... Coisas simples, que todo mundo já conhece (mas que muitas vezes são difíceis de concretizá-las em uma frase) escapam da explicação formal, rígida e superficial, deixando de ser sentimentos abstratos para se tornarem poesia. Afinal, como se poderia explicar para um ser tão descompromissado com o mundo adulto o que são essas palavras, senão induzindo à imaginação?

Com a pureza da infância a menina explica, por exemplo, que “preocupação é uma cola que não deixa o que não aconteceu ainda sair de seu pensamento”, de uma forma tão profunda, como só uma criança é capaz de enxergar.

Justamente porque não se pode limitar a imaginação de quem lê, essa liberdade de pensamento faz com que as explicações da personagem causem melhor resultado se foram sentidas ou criadas pela mente, do que realmente explicadas com todas as letras do alfabeto.

As 45 páginas foram ilustradas por Mariana Massarani, mas podem ser confundidas com telas pintadas a mão com a tinta ainda fresca. Essa naturalidade nos traços é uma característica da desenhista e, além disso, as figuras não seguem a risca o que é indicado no texto, deixando a interpretação de quem ler ir além do óbvio.

Essa união de imagem e texto envolvente é um convite para esquecer os conceitos pré-definidos dos sentimentos do mundo e se deixar levar pela leveza que foi esquecida ainda na infância. Porém, uma das palavras se destaca das demais por sua complexidade: o amor.

Só para este sentimento há inúmeras alternativas de explicação e a menina da Adriana Falcão deixa esta dúvida tão difícil para o final, justamente porque é preciso passar por tantas outras frustrações e sofrimentos antes de entendê-lo.


FALCÃO, Adriana. Mania de explicação. São Paulo: Salamandra, 2001.

A resenha também foi publicada no blog da Prolij. Confira!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O presente mais importante

Sem criatividade por hoje. Estou meio sentimental, logo não posso me concentrar. Vamos aos rascunhos antigos que tenho por aqui guardados na gaveta(isso é muito mais romântico que dizer que meus textos ficam mesmo é na pasta Meus documentos).

...


- Feche os olhos.

Então ele a guiou até a porta.

- Já pode abrir. Apenas um sorriso foi a resposta dela.
- Já deram-lhe presente mais bonito? Devo pedir desculpas, não tenho direito sobre ela, mas...
- Nem seria justo.
- Mas você não parece contente, tem certeza que gostou?
- Tenho. Só vou ficar triste quando acordar e perceber que o meu presente se foi.

Então ela fez questão de esperar pela lua todas as noites e não adormecer nunca mais.

terça-feira, 6 de julho de 2010

5 sinais que indicam que seu emprego é uma bosta

Obs: esse post não tem nada de científico - é puro achismo experimental.

- Você trabalha mais e ganha menos que seu “superior” (isso não inclui o chefe que te paga que tem certo direito de ficar coçando enquanto você se ferra);

- Você percebe aquele clima tenso entre os outros funcionários quando você lê uma notícia da sessão “bizarra” de algum site;

- Ninguém no seu trabalho usa o orkut, facebook, youtube, twitter e outros mecanismos fundamentais para o tédio cotidiano;

- A escravidão é vista como única forma de sucesso. Não incentivam sua vida pessoal, desenvolvimento intelectual, sua vontade de se especializar, estudar, fazer cursos... Logo, você deve trabalhar em período integral e é isso que importa.

- Quando termina o expediente você dá um suspiro de alívio e percebe que aquele dia não acrescentou em nada na sua vida;

Boas notícias

Sobrevivi aos contratempos da última semana. E não é que meu post sobre "ser metida" deu certo? Vou começar a trabalhar em um jornal amanhã a tarde. Só um detalhe: registrada como jornalista (oooooooh é um milagre!).

Jornal diário é aquela adrenalina. Nunca me esqueço da primeira vez que comecei em uma redação, aquilo tudo era tão mágico pra mim. Claro que depois eu caí na real e vi que não era tão maravilhoso quanto eu imaginava (em breve vocês vão ler meus desabafos aqui).

Agora, com minha graduação vou poder mostrar ao mundo tudo o que sei fazer (nem tudo, vamos com calma). E sabe o que melhor? Não vou precisar me matar pra fazer a prova do Tribunal de Justiça (não que eu realmente achasse que passaria nesse concurso) para poder bancar minha pós-graduação e futilidades a parte. Mas enfim, vou poder fazer o que eu amo, continuar com meus projetos paralelos e ser feliz.

Na realidade eu tô enrolando porque eu perdi o texto que ia publicar aqui. Mas isso é o de menos. Volto com algo mais legal. Eu ia dizer útil, mas seria injusto com vocês. Todo mundo precisa de um pouquinho de conversa sem sentido.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Terça-feira é dia de começar a se exercitar!

Estava tudo pronto. Já tinha vestido meu maiô que há 7 anos estava guardado no armário, desde o tempo em que eu fazia aulas de natação. Mas quando cheguei na minha mais nova empreitada rumo a uma vida saudável, não imaginava que fosse tão difícil.

Fui incentivada pela minha mãe, que mudou de vida depois que começou a dar os pulinhos dentro d água. E lá fui eu seguir a nova religião dela e de suas amigas: a hidroginástica. “Coisa de velha”, vocês devem estar pensando. Pois a única velha que tinha ontem lá na academia era eu.

Acredito que pela idade eu era a mais jovem no recinto. Só de idade, porque em apenas dois minutos eu percebi que meu estado físico era muito pior do que minhas colegas.

Já no aquecimento as outras pessoas me olhavam com risinhos simpáticos de apoio do tipo: “é isso aí, logo você ficará bem como nós”. Foi aí que caiu a ficha. Eu estava com o rosto completamente vermelho. Isso é comum em pessoas brancas (veja minha foto ali ao lado), principalmente quando começam a se mexer. Elas deviam achar que eu estava morrendo, ia enfartar, pedir pra sair... Mas, a não ser que tivesse um professor muito gato que eu conheço, eu não me renderia à respiração boca-a-boca.

Eu estava decidida, não iria me entregar! Sentia meu corpo esquentar e minha cabeça suar - e a temperatura não estava nem morna. A pressão na cabeça começou a incomodar – um dos motivos de eu ter abandonado a academia há cinco meses. Eu respirei fundo, olhei para a minha mãe e ela, como de costume, aproveitava para corrigir meus passos. Antigamente era eu quem dava as dicas para se exercitar, mas o feitiço havia virado contra o feiticeiro.

Quando eu pensei que já havia pagado pelo pecado da gula dos últimos meses a professora avisou para irmos para a barra ao lado da piscina. Achei que era a hora do alongamento. Péssimo engano! Mais exercícios e mais rápido. A “prof” não perdoava nem as mais idosas – como eu. Quando eu já estava anestesiada de cansaço surgiu uma luz: hora do relaxamento. Era um verdadeiro milagre. Eu sobrevivi!

No banheiro aquela mulherada pelada trocando de roupa. Ótimo, quem foi mesmo que me convidou? Mas preciso admitir que muitas delas, na faixa dos 50 anos, tinham o corpo em ótima forma. Parece que celulite é algo que só pertence à geração coca-cola. É o fim dos tempos! Muita injustiça por parte da natureza...

Eu queria perguntar o segredo para isso, mas fiquei com vergonha de parecer debochada ou elas me responderem: “Pitanguy querida!”. Prefiro acreditar que aos 20 e poucos anos elas resolveram mudar de vida e hoje colhem os resultados de tanto esforço.

Apesar da enxaqueca e da dor na panturrilha, eu não desisto assim tão fácil meu amor das coisas que eu quero fazer e ainda não fiz lálálá. Hoje até comprei um maiô novo. Se eu não voltar a postar, vocês já sabem o que aconteceu...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Minha vida de Barbie

É muita coragem admitir minha ignorância ao achar que a Barbie realmente tinha 120 profissões. Aos cinco anos de idade a gente leva tudo ao pé da letra! Não tenho culpa, ninguém me explicou que a boneca foi feita em várias versões – e não que a Barbie como pessoa tinha inúmeros talentos e conhecimentos. Eu achava que ela tinha sido feita à imagem e semelhança de alguém real, que podia ser desde uma astronauta até uma sereia.

O mundo da Barbie era fantástico. Qual menina não sonhava em morar naquela enorme casa toda cor-de-rosa, ter um namorado lindo como o Ken e os cabelos sempre brilhantes? Nas brincadeiras (minha e das minhas amigas, pelo menos) a gente sempre se casava aos 18 anos e era rica, famosa e tinha inúmeras aptidões. Sabíamos cozinhar, tínhamos roupas lindas e, mesmo que já tivéssemos uma certa idade, não precisávamos de cirurgia plástica.

A Barbie tinha carros conversíveis, cavalos lilás, vestidos esvoaçantes (que mais tarde foram inconscientemente uma inspiração para as festas de 15 anos). Ela era o reflexo de uma sociedade que mudava aos poucos. Um novo mundo que queria ver suas crianças com realidades diferentes das suas mães, que começavam a sair de casa para trabalhar, mas que fossem ainda mais consumistas, fashionistas, vaidosas e sensuais.

A Barbie era a projeção da mulher contemporânea perfeita, com carreira, beleza, sucesso, dinheiro... Apesar de todo o machismo por trás deste ideal, ela fazia seu papel de dominadora tendo um “homem” ao seu lado que parecia mais um objeto, um amante, um go-go boy, um gigolô.

A Barbie também participava dos nossos sonhos mais impossíveis. Ela poderia ser princesa, havaiana, bailarina, tudo tão romântico e sedutor, como a visão que se idealiza das mulheres. Tudo isso sem esquecer da cintura fina, os cabelos loiros, a pele branca, a maquiagem e o salto alto. Suas amigas eram tão fantásticas como ela, mas não superiores. O importante mesmo era ser a Barbie! Ela sempre fazia o bem, sabia cantar, dançar, desfilar, ser miss e zelar pela paz mundial. Era um exemplo! Se não fosse uma boneca, mereceria um prêmio Nobel.

Muitos anos e suspiros depois quebrei a cara quando descobri que não me casaria aos 18 anos nem se fosse com o príncipe William. Mas essa injeção de realidade aconteceu suavemente. Primeiro, não ganhei um carro quando sai da escola. As roupas justas e decotadas não se adequavam ao meu corpo de menina fora dos padrões e mulher em ascensão.

Depois, um trabalho tão comum como o de garçonete, vendedora ou cabeleireira não me traria independência financeira: eu ainda moraria com meus pais por muitos anos. O Ken era um mito. Todas as qualidades criadas para ele eram uma ilusão de menina. Na vida real não era tão simples ter um namorado, um vestido cor-de-rosa ou um diploma universitário. Para ser veterinária era preciso muito mais do que uma embalagem da Estrela com o consultório prontinho lá dentro.

A Barbie não tinha passado pela primeira paixão, o primeiro beijo, a primeira vez e já vinha com vestido de noiva, véu e grinalda. Ela não passou pelas fazes em que a gente chora por um amor platônico, faz testes de revista e fica com vergonha de colocar biquíni na viagem com a turma da escola.

Hoje, no auge dos meus 20 e pouquinhos anos, poucas mechas loiras, marcas de espinhas, alguns Kens, uma profissão, uma dúzia de trabalhos e o carro emprestado da minha mãe, sei que não precisaria dessa vida de Barbie para mim.

A boneca perfeita estava sempre com um sorriso de angústia, fingindo uma felicidade de plástico, vendendo um estilo de vida inútil e impossível. Algo tão traumatizante quanto descobrir que as bonecas não vinham junto com a mesa de jantar, como mostrava na caixa do brinquedo. Ou ainda tão constrangedor quanto ganhar um exemplar do Paraguai no Natal.

E tem mais: a Barbie nem sequer teve infância! Ela foi definitivamente infeliz, coitada.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ser metida é uma arte

Ser metida é mais que uma escolha. Não basta simplesmente estar em todas, saber de tudo o que acontece, ser lembrada. É preciso ser metida com sutileza (para não virar uma metida chata). Não estou falando daquelas pessoas que a-do-ram participar das conversar que não foram chamadas e coisas do tipo. Essas são as excluídas popularmente. Toda metida tem uma ótima rede social e jamais se sente mal em uma festa onde não conhece ninguém.

Justamente por ser metida assumida, não aceitar o óbvio e me relacionar muito bem com outros metidos, que consegui todos os meus estágios, empregos, namorados, amigos, descontos, livros emprestados, programas de computador (que fique bem claro que esses “s” não confirmam sucesso em todas as vezes em que me meti)...

Mas, cara metida em potencial, é preciso acima de tudo ter classe. Ex: se você é metida+ você foi lembrada = pode muito bem ser indicada para um bom trabalho. Porém, contudo, todavia, entretanto, se não tiver capacidade: sinto muito. A não ser que você tenha algum parente influente (leia-se político). Outro exemplo: se você é magra, alta, bonita pode até ser modelo, mas se não souber fotografar, desfilar e fazer cara de paisagem, amiga, não rola. Uma coisa leva a outra, tá vendo?

Você que é metida+bonita (obs: as outras mulheres nunca admitirão a segunda característica), certamente será alvo de fofocas do tipo “ela deu para o chefe para conseguir uma promoção”. Normal! Nós mulheres temos um utensílio poderoso que foi mal usado com o tempo e gerou todo esse burburinho.

Cabe a você, amiga metida, saber onde deve meter seus poderes femininos. Algumas de nós só conseguem ser apenas metidas+lembradas não resultando em capacidade. Assim, usam o utensílio para conseguir o que querem, causando vergonha alheia nas metidas classudas, essas que podem ir para a balada vestidas, sem precisar chamar a atenção para seus dotes físicos. Agora, se você é metida+ lembrada+capaz+utensílio poderoso, faça uso dele como qbem entender e o que falarem é pura inveja (e não precisa me contar, a não ser que faça parte do meu rol de melhores-amigas-metidas).

Mas eu estou falando tudo isso porque às vezes a gente precisa de um empurrão mesmo. Saia da mesmice da sua vida e se meta em coisas novas! Você não quer chegar aos temidos 30 anos na mesma empresa, com o mesmo currículo empoeirado, o enxoval bordado pela sua avó que já morreu guardado no fundo do armário, o mesmo corte de cabelo, as mesmas meia dúzia de posições sexuais, não é? (A resposta é nãããão!).

Arriscar é a palavra certa. Afinal, quem tem boca vai a Roma. As mais pervertidas podem pensar em milhares de utilidades para a boca, mas hoje vamos ficar só com essa. Já me falaram “o seu problema é que você fala demais”. Espera aí, falar pelos cotovelos não leva a lugar algum, agora, falar o que é necessário e criar um ambiente descontraído onde você está é importantíssimo. Desculpe se sou mulher+jornalista!

Sabe o que eu respondi pra essa pessoa? Simples: eu só balancei a cabeça confirmando. Talvez ela estivesse se achando o máximo por eu ter concordado e refletido sobre meu comportamento. Mas no fundo eu olhava-a e pensava comigo: caramba, obrigada por me mostrar que esse não é o meu lugar, chamem um táxi! (Acho digno me sentir em Manhattan).

Pessoas metidas sabem quando é a hora de se meter em algo novo. Conhecer pessoas, lugares, fazer uma aula diferente na academia, se apaixonar por um desconhecido, comprar um cachorro, estudar um idioma extinto.

Eu sou metida por natureza. Se não fosse assim, seria de proveta (piadinha infame da minha amiga Carol) e confesso pra vocês: os dias têm muito mais sentido quando permitimos que a vida nos meta onde ela bem entender (há!).

Colocaria no meu currículo: características pessoais - “metida”, mas as pessoas ainda não estão acostumadas com esse estilo de vida. É melhor explicar que eu gosto de aprender algo novo, não tenho medo do desconhecido, sou boa ouvinte, adoro conhecer pessoas, conversar, descobrir, superar meus limites e viver cada dia como se fosse o clímax de um filme de aventuras (exagero mesmo!).

E então, tô contratada?

terça-feira, 22 de junho de 2010

Terça-feira: dia de começar a dieta

Uma vez eu escrevi algo bem animador dizendo que “tamanho 42 não é gorda” (copiei o título descaradamente da ótima-escritora-mulherzinha Meg Cabot). É claro que continuo com o mesmo discurso feminista, mas uma rápida passagem pela balança me fez cair na mais profunda depressão (muito pior do que ler revistas sobre corpo e beleza): eu engordei!

Sei que não é nada inspirador eu repetir isso, mas antes que eu chegue a +10 quilos – e estou quase lá, acreditem! - eu resolvi dar uma volta no supermercado e definitivamente rever os meus conceitos alimentares.

Enchi a cesta de granola, iogurte, frutas desidratadas, sopas instantâneas com poucas calorias, barras de cereal, bolachas integrais e coisas outras altamente nutritivas e poucamente deliciosas. Meu paladar é infantil, gosto de Toddy, Passatempo, bisnaguinha, Danoninho, paçoca, pipoca e huuum tudo que é mais fácil de “preparar” e a gente não consegue comer só um - ao contrário dos alimentos “saudáveis”. Quando eu termino a barra de gergelim e castanha-do-pará agradeço por ter que passar por novamente só na próxima refeição (sim, sou perita em mudanças radiais na alimentação e fundadora do GAG).

Cozinhar é para ao magros, definitivamente. Mas eu vou rezar todas as noites para a santa protetora das gordinhas eternas me deixar entrar no céu das pessoas saudáveis que comem pão com peito de peru, como a minha amiga magérrima Giovanna (gaguiana convicta e ex-corpo-e-mente de gordinha). Ou ainda, passar uma semana comendo patê de atum enlatado para usar um vestido per-fei-to na balada de quarta-feira, a exemplo da também parceira de discussão Jéssica.

Claro que não quero apenas emagrecer, quero estar linda e maravilhosa no casamento da Fátima no começo de 2012. Além do mais, seria muito digno esperar o fim do mundo em um vestido hiper justo. O GAG definitivamente ficará orgulhoso de mim! Aliás, ainda falarei muito sobre ele... Bom, o mais difícil vai ser mudar essa minha cabeça de tantas anos colocando os sentimentos na comida. Mas de sentimentos eu falo outra hora, agora o papo precisa ser bem racional, antes que eu não entre mais nem nas calças 42.